Memórias Póstumas de Brás Cubas
Durante muito tempo das nossas
vidas, ouvimos dizer que Machado de Assis é um gênio da literatura, um dos
maiores escritores, ou até o maior escritor brasileiro.
Não havia lido nada de Machado
até esse ano. E pude atestar a genialidade desse escritor. Fico pensando que o
Erick de 15, 16 anos não gostaria nada da escrita, e da história contada em
Memórias Póstumas, não conseguiria compreender o texto, as entrelinhas desse
escritor. Mas o Erick de 27 anos, com aquele pé nos 28, pensando que logo chega
os 30, não teria nada melhor para ler.
Memórias Póstumas, como o
próprio nome já sugere, conta a história de vida de Brás Cubas. É narrado em
primeira pessoa, se iniciando já com a morte de Brás.
A maravilha da escrita de
Machado, já se é percebida, pela habilidade de nos entreter com uma história
real, mundana, não temos um mundo criado, mas o Brasil, com uma pessoa com
problemas reais, e que mesmo tendo sido publicado em 1881, conversa com o
leitor de 2021.
Com todo esse contexto,
Machado consegue nos fazer pensar sobre a nossa jornada, assim que vamos lendo
a de Brás Cubas. Os amores perdidos, as decepções, a luta por status, o
sentimento de não vermos o tempo passar, mas quando percebermos, nos assustamos
com o tempo de vida que já tivemos. E mesmo com tantos sonhos, objetivos, as
vezes não vamos realizar nenhum deles, nos encontraremos em determinados
períodos da vida, nos achando medíocres, derrotados, fracassados, percebendo
que perdemos grande parte da nossa vida em ilusões, mentiras.
Um ponto incrivil da leitura,
são as referências, que escritor a frente de seu tempo, usando o fan servise a
séculos atrás.
Brincadeiras à parte, Machado mostra o vasto
conhecimento em literatura, história, religião, filosofia, e o mais importante,
tudo faz sentido dentro da história, tudo constrói a história de vida de Brás
Cubas, referencia passagens e interpretações que o próprio Brás faz de sua
vida.
Não vou aqui caro leitor, ser
arrogante de dizer, que compreendi o texto por completo, que todas as
referências seriam absorvidas sem as notas de roda pé da minha edição da
antofágia, que é espetacular. Ainda a muito o que apreciar desta obra, mais de
uma releitura com certeza é recomendável, apreciar essa obra várias vezes, deve
ser algo sublime.
Mas uma coisa de cara e certa,
não importa o quão medíocre, rápida, e frustrante possa parecer a sua vida, e
suas conquistas, não a nada melhor do que vive-la. E nunca se esqueça, não
deixe de viver a filosofia das folhas secas.
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